domingo, 26 de maio de 2013

NO FUNDO DA XÍCARA

Nós da Agência Brandstorm nos deparamos com dois caminhos ao fim de nossas pesquisas sobre a revitalização da Identidade de nosso empreendimento: a) seguir pelo uso indiscriminado dos mecanismos de “convencimento” pura e simplesmente – mecanismos apontados com a descoberta do Sujeito Ontológico... ainda que tais mecanismos sejam extremamente eficazes; b) enquadrar esses mecanismos num contexto mais humano, mais condizente com nossa visão de como uma Agência de Publicidade deve interagir com sua clientela... e para isso conjugar a técnica à missão de valores, num todo coeso e ético.  

O raciocínio era simples: se Branding implicava em trabalhar a representatividade do empreendimento (através da Marca), então nada mais justo do que estender essa vivência também às empresas-clientes de nossa Agência. Porque, se bem entendido o processo, a Marca atinge tanto a empresa quanto o consumidor.

A empresa não é auto-suficiente, ela precisa de orientação quanto à inserção de seu nome e de suas aspirações no Mercado – e será a Brandstorm a encarregada de transmitir a segurança que a empresa busca ter em suas decisões.

Assim, analisando os serviços oferecidos pelas concorrentes diretas de nossa Agência, percebemos que o enfoque sempre cai sobre o consumidor – e nunca sobre a Marca e a Empresa. E isso cria uma relação triangular defeituosa, onde existe apenas um vértice...quando deveriam existir três.

Logo, a Brandstorm talvez seja a única agência ciente de que seu trabalho não termina na apresentação da Marca ao consumidor – mas também engloba a apresentação da Marca à própria empresa que a possui...sob um novo olhar.

Pois uma Marca nada mais é do que a vivência de experiências relacionadas aos produtos, aos serviços e à reputação de uma pessoa física ou jurídica. Esse é o segredo: a palavra-chave VIVÊNCIA.

E vivência nos remete a compartilhamento... a troca de impressões.

Daí os rituais de partilha: o mecanismo que deu origem às primeiras relações familiares e tribais. Daí o aprimoramento dessas relações ter dado origem às primeiras manifestações religiosas. E como tudo isso começou ? Com um convite... para que o Outro se sentasse à nossa frente e falasse de si.

O lado lúdico da natureza humana vem disso: as cerimônias religiosas transformaram-se em comemorações festivas... onde a distribuição de comida e de bebida entre os convidados ganhava aos poucos um significado cada vez mais elaborado. Cada país e cada cultura da Terra tem o seu “partilhar” específico: no caso do Povo Brasileiro... esse compartilhamento gira em torno do Café.

Ana Luiza Martins, em seu excelente livro “A História do Café” (Editora contexto), nos brinda com informações sobre esta fruta vermelha que nasce da flor branca e perfumada do coffea arábica:

O hábito de tomar café como bebida prazerosa, em caráter doméstico ou em recintos coletivos, deslancharia a partir de 1450. O produto era apropriado para a cultura árabe-islâmica, pois vinha ao encontro dos preceitos religiosos do islamismo ditados pelo Alcorão, que condenava bebidas alcoólicas. A princípio, um de seus consumos correntes foi entre os filósofos sufis, que, ao tomá-lo, permaneciam acordados para a prática de exercícios espirituais. Ao longo do século XVI, os árabes ampliaram as plantações em face do interesse pela bebida que atraía pelo teor excitante, pela proveniência oriental e pelo seu potencial de comercialização. Em 1520, a região de Moka, principal porto do Iêmen, foi responsável por um dos maiores cultivos do produto no mundo árabe. E seu porto, o maior exportador. Cabe à Turquia, contudo, o pioneirismo do “hábito do café”, que ali se popularizou e transformou-se em ritual de sociabilidade. Na luxuosa capital Constantinopla, centro cosmopolita implantado estrategicamente entre três continentes, com população expressiva e que abriga palácios e mesquitas requintadas, surgiu o “Café”, estabelecimento aberto ao público. Data de 1475 a abertura daquele que é considerado o primeiro Café do mundo – o Kiva Han – marco do consumo generalizado da bebida. Desde então, tomar café passou a ser ritual que se propagou pelo mundo afora. Em 1574, os Cafés do Cairo (Egito) e de Meca (Islã) eram locais procurados, sobretudo por artistas e poetas. Em Meca, cidade sagrada para os muçulmanos, a sudoeste da Ásia, em direção à qual se devia rezar cinco vezes ao dia, ingeria-se a bebida enquanto se exclamava 116 vezes: “Ya Kawi”. Assim, impregnada na cultura do mundo islâmico, a bebida foi absorvida até mesmo pela legislação turca. Sabe-se que as esposas podiam pedir divórcio caso o marido não provesse a casa de uma cota de café.


Como se vê, muita coisa se esconde no fundo de uma xícara de café.

Uma vez coligidas essas informações, interagir com os clientes de nossa Agência adquiriu contornos teóricos mais nítidos. Um dos desdobramentos destas reflexões foi a tomada de contato com os trabalhos de Daniel J. Eldeman, proprietário da StrategyOne.

Seus insights sobre os “mental marketplaces” nos ajudou a redefinir o alcance da Marca Brandstorm. Ela originalmente estava embasada nos seguintes termos, muito bem definidos por nossa executiva de contas Flávia Matos:

Como signo de comunicação para compor a arte do logo da Brandstorm,  foi escolhido o guarda-chuva azul com a finalidade de linkar o planejamento visual com os princípios e diretrizes de nossa agência. Partindo do trocadilho que formou o nome da agência- brainstorm (tempestade de ideias) para brandstorm (tempestade de marcas) - o que justifica o guarda-chuva aberto sob o nome da agencia, é o significado do próprio símbolo, que é utilizado quando há uma tempestade a ser enfrentada - o de proteção. Assim, o guarda-chuva azul da BrandStorm figura em nosso logo para oferecer proteção contra a “tempestade” -- que em um outro contexto pode ser considerada a competição ou a disputa de mercado com outras brands. Esse é o motivo para o guarda-chuva figurar no logo de forma aberta- em atividade, pronto para enfrentar qualquer tormenta- e não fechado -- inativo, parado, sem utilidade. A ideia aqui é demonstrar que ele está aberto para ampliar a imagem de extensão e área de ação; de braços longos, de capacidade de abraço e acolhimento fortes e seguros, de mobilização para proteção total para quem está sob nosso guarda-chuva. A cor azul celeste foi escolhida por conta da sensorialidade que induz ao status de estabilidade, profundidade, lealdade, confiança, sabedoria, inteligência, verdade, generosidade, tranquilidade, integridade, entre outras sensações positivas.

Não seria exagero dizer que o Logo da Agência Brandstorm cumpria com uma função análoga à do Café: congregar em torno de si as pessoas, suas histórias e seus sonhos. Mas segundo as diretrizes dos mental marketplaces não adiantava levar em conta apenas a forma como nós, seus integrantes, gostaríamos de apresentá-la ao mundo – devíamos compreender esse mundo no qual a Brandstorm se encontrava inserida.

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) delimita um público-alvo específico, condicionado por expectativas e condições sui generis. Ela foi criada pela Lei Complementar n. 870, de 19/06/2000, sendo a mais nova do Estado de São Paulo. É formada por 19 municípios: Americana, Artur Nogueira, Campinas, Cosmópolis, Engenheiro Coelho, Holambra, Hortolândia, Indaiatuba, Itatiba, Jaguariúna, Monte-Mor, Nova Odessa, Paulínia, Pedreira, Santa Bárbara d’Oeste, Santo Antônio da Posse, Sumaré, Valinhos e Vinhedo. Todos ocupam uma área de 3.348 km2, o que corresponde a 1,3% do território paulista.

Nos últimos anos, a região de Campinas vem ocupando e consolidando uma importante posição econômica nos níveis estadual e nacional. Essa área, contígua à Região Metropolitana de São Paulo, comporta um parque industrial moderno, diversificado e composto por segmentos de natureza complementar. Possui uma estrutura agrícola e agroindustrial bastante significativa e desempenha atividades terciárias de expressiva especialização. Destaca-se ainda pela presença de centros inovadores no campo das pesquisas científica e tecnológica.

Em Campinas os efeitos da estagnação econômica no país entre os anos de 1980 e 1990 expressam um paradoxo. Conhecida como “Vale do Silício”, referência à região do Estado da Califórnia, EUA, por seu nível de renda, por concentrar indústrias de alta tecnologia (informática, telecomunicações, química fina e biologia molecular) e pelos seus centros de ensino e pesquisa que, ao lado de sua localização estratégica, asseguram elevado potencial de desenvolvimento econômico. Seu dinamismo é evidenciado pela capacidade de atrair investimentos produtivos diversificados, especialmente de maior complexidade tecnológica: equipamentos para telecomunicações, informática e eletrônica para autopeças. A região de Campinas tornou-se o 2º. pólo industrial do país e está entre as 10 principais regiões do Brasil, perdendo apenas para São Paulo.

E o que isso significa para a nossa Agência ? Que Campinas e sua Região Metropolitana é um fervilhar de histórias... sendo escritas a todo tempo, das mais variadas formas. Se a Brandstorm quer fazer parte de algumas dessas histórias, deve ampliar a sua metodologia de abordagem.

Antes a Agência era o marco divisor, um fator de proteção – por isso o Guarda-Chuva se situava no meio do nome, entre a “marca” e a “tempestade”.


Agora a Brandstorm pretende consolidar seu nome, deixando claro o que oferece em termos de diferencial: não só proteção (o guarda-chuva), mas também destaque (o raio) à marca do cliente... através da possibilidade deste escrever sua própria história (a ponta de lápis na qual termina o raio). A Brandstorm é a mediadora entre a empresa e a assinatura que esta deixa.




A mudança na tonalidade da Cor Azul da Logomarca reforça essa intenção: mais que enfocar na Tempestade, e no azul-escuro de um dia chuvoso, busca-se reproduzir a sensação de calma e enlevo de lugares paradisíacos, com um fundo azul-turquesa. 


E como se sabe, nada melhor do que estar em um ambiente tranquilo, onde se possa ter uma boa conversa... regada a uma saborosa xícara de café.

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