A construção da Identidade de uma Agência de Publicidade
vai se consolidando aos poucos; enquanto as campanhas ocorrem, trazendo o
aprendizado de novas idéias e novos métodos.
Com a Brandstorm não foi diferente: as suas campanhas
anteriores deixaram lições marcantes. Aproximar a Faculdade Veris a seus
alunos... e promover a devida homenagem à vanguarda modernista de 1922 ajudou a
Brandstorm a confirmar certezas e ampliar indagações.
Novas questões foram levantadas.
Haveria um modo de nortear o desenvolvimento da Agência,
segundo princípios imutáveis ?
Haveria um jeito de isolar o Fenômeno Publicitário daquilo
que é acidental e acessório ?
Qual é o alcance real da Publicidade na vida das pessoas ?
A Brandstorm é, por definição, uma agência especializada em
Branding... e isso guiou nossas pesquisas na busca por respostas. Descobriu-se
que tudo gira em torno dessa palavra-chave: Marca.
Marca é a representação simbólica de tudo o que está ligado
a uma empresa: seus valores, suas ações, aquilo que ela oferece ao consumidor,
o quanto ela agrada seus clientes. A representação simbólica resumida a um
sinal conciso, geralmente gráfico, como o Logo da Empresa. Como uma moeda, essa tomada de
contato entre os consumidores e a empresa possui dois lados.
David A. Aaaker possui dois termos para o entendimento
dessa relação empresa-consumidor: a) Identidade da Marca, b) Identidade Expandida. O primeiro trata
da essência atemporal da marca, que lhe confere sentido, finalidade e
significado... e o segundo termo fala de elementos que proporcionam à marca uma
determinada textura (elementos visíveis, ligados à estética), e um sentido de
integridade (elemento relacional, ligado à ética).
Ou seja, ao entrar em contato com uma empresa o cliente
dela vai construindo em sua mente a Reputação que ela conquistar com ele – seja
naquilo que é objetivo, tangível (produtos e serviços), seja naquilo que é de
mensuração subjetiva, intangível, como a atmosfera (agradável ou não) que
envolve esse contato. E assim, a um só tempo o consumidor vai formando a
Identidade Nuclear e a Identidade Expandida da empresa. Como o Branding
trabalha esses dois aspectos (essas duas formas de Identidade), ele apresenta
uma variedade significativa em sua tipologia: existindo tantos tipos de
Branding quantos forem os mercados a serem alcançados.
Daniel Goleman nos informa sobre essa ligação entre o
Branding e a constituição de nossa natureza humana:
A parte mais primitiva do cérebro, partilhada por todas as
espécies que têm um sistema nervoso superior a um nível mínimo, é o tronco
cerebral em volta do topo da medula espinhal. Esse cérebro-raiz regula funções
vitais básicas, como a respiração e o metabolismo dos outros órgãos do corpo, e
também controla reações e movimentos estereotipados. Não se pode dizer que esse
cérebro primitivo pense ou aprenda; ao contrário, ele se constitui num conjunto
de reguladores pré-programados que mantêm o funcionamento do corpo como deve e
reage de modo a assegurar a sobrevivência. Esse cérebro reinou supremo na Era
dos Répteis: imaginem o sibilar de uma serpente comunicando a ameaça de um
ataque. Da mais primitiva raiz, o tronco cerebral, surgiram os centros
emocionais. Milhões de anos depois, na evolução dessas áreas emocionais,
desenvolveu-se o cérebro pensante, ou “neocórtex”, o grande bulbo de tecidos
ondulados que forma as camadas externas. O fato de o cérebro pensante ter se
desenvolvido a partir das emoções revela muito acerca da relação entre razão e
sentimento; existiu um cérebro emocional muito antes do surgimento do cérebro
racional.
Em outras palavras, a nossa habilidade de compreender
racionalmente o mundo surgiu sobreposta a uma compreensão emocional dele –
anterior ao equipamento racional e solidamente estabelecida. Todas as
percepções a que nossa mente tem acesso...cada detalhe na textura de uma folha
de papel, cada tonalidade apresentada pela grama ao pôr-do-sol, os odores do
ambiente, as microexpressões presentes no rosto das pessoas numa fila de
banco...tudo isso e muito mais é filtrado pelo cérebro segundo o critério de
RELEVÂNCIA.
Para isso ele, o cérebro, se utiliza do S.A.R. – Sistema de
Ativação Reticular – que junta todos esses pedaços de informação,
transformando-os em Memórias. As memórias são normalmente criadas quando a
informação do S.A.R. é enviada ao Corpo Amigdalóide, onde é dado um peso
emocional a cada memória antes de ser direcionada ao Hipocampo. A chave de tudo é a relevância emocional:
descobriu-se que, para que a funcionalidade do cérebro se mantenha sem
problemas, ele reprime lembranças através de emoções ruins, mal resolvidas.
Assim não há sobrecarga de informação.
Agora, o nó górdio da questão está aqui: na função do
Hipocampo – ele é o responsável por transformar memórias de curto prazo em
memórias de longo prazo. Ele decifra as percepções colhidas pelo cérebro
conferindo a elas um significado semântico. Ou seja, o Hipocampo só se preocupa
com a informação que o Corpo Amigdalóide achar importante.
Não é preciso muita argumentação para se destacar aqui uma
evidência importante: se é de senso comum que todas as pessoas (consideradas
sadias) sabem o que é uma “memória”...também é de senso comum (tácito) que
nossa consciência é independente de nossas memórias – existe o registro das
vivências, mas existe também o Observador Interno desse registro: é a ele que
chamamos de “nosso Eu”. O grande segredo do sucesso do Branding é que esse “Eu”
(que aqui chamaremos de Sujeito Psíquico) não existe por si só – ele existe em
relação a algo. Ele é a “observação” (diriam alguns, a testemunha) desse algo:
o Sujeito Ontológico. Ele é “sujeito” por ser um Outro (pois estamos numa situação emocional, que
estabelece relacionamentos sentimentais)...e é “ontológico” por sintetizar em
si a Essência nuclear da Realidade para o Sujeito Psíquico.
É como se o ser humano, ao interagir com uma coisa,
passasse um pouco de sua “humanidade” para ela: um cão nunca será só um cão –
muitas vezes é mais um membro da família; uma personagem marcante de uma obra
literária significativa não será só uma descrição textual muito bem feita – mas
um amigo, um ídolo, um guia pessoal. O
Sujeito Psíquico deu nascimento ao Sujeito Ontológico: daí a prosopopéia. O Sujeito Ontológico “clássico”, o
mais facilmente reconhecível, é o Mito.
Todos os grandes mitos do imaginário religioso trazem em si
um “roteiro” por onde o Sujeito Psíquico irá desenvolver aquelas habilidades
que ainda lhe faltam ter. Esse roteiro é a chamada “Jornada do Herói”, um
conceito popularizado por Joseph Campbell. Ele explica o sucesso (ou a ausência
dele) presente nos enredos dos romances, das histórias infantis, dos filmes de
cinema, etc. Em literatura se considera a eficácia da Jornada do Herói como o
“esqueleto” ideal de uma boa história porque ela apresentaria “altos-e-baixos” –
e assim, as reviravoltas pelas quais passa o herói fariam o interesse do leitor
andar em espiral (retomando na próxima etapa a intensidade da etapa já vista,
reforçando-a). O que força o Sujeito Psíquico a mergulhar cada vez mais fundo
na mensagem proposta pelo livro, ou filme, a um ponto onde é impossível
discernir quem é o visitante-espectador...e quem é o participante-protagonista.
A cada passo ou desventura do Herói o espectador-leitor vai
se identificando mais e mais às motivações e aos problemas apresentados... a um
ponto tal que muitas vezes o enredo absorve por completo quem o presencia: em
Jerusalém não é raro encontrarmos “messias” perambulando pelas ruas, crentes de
eles são o Cristo vivo. O livro “Os sofrimentos do Jovem Werther”, de Goethe,
causou uma leva de suicídios de jovens sensibilizados pela onda romântica de
1774.
E é por isso que a Brandstorm é uma agência sui generis
dentre todas as demais, integrantes da Região Metropolitana de Campinas – ela
consegue identificar qual é o Sujeito Ontológico em questão a ser trabalhado
numa campanha publicitária. E sua relação com o desempenho do Branding utilizado.
Quando não se leva em conta esse aspecto científico da
Publicidade, o máximo que as empresas conseguem em termos de lucratividade
é...alimentar a Inflação. O
Corpo Amigdalóide é responsável pelo gerenciamento do medo, e das respostas
automáticas de nosso corpo a situações de perigo. É ele quem nos ajuda a
perceber pistas que nos indiquem perigo – causando um sentimento de apreensão,
de ansiedade – seja esse perigo real, concreto...ou imaginário.
A superexposição das pessoas a produtos e serviços,
conjugada com a cultura ocidental do “vencedor” (que deve a todo custo manter
seu status social) cria
ansiedade a níveis extremos – que se traduz em picos ou ondas de compra maciça:
e temos então a Inflação. As famosas “bolhas” (do vale do silício, do setor
imobiliário, etc.,...) ocorridas nos Estados Unidos são o resultado indireto
disso: o uso mal-direcionado do Corpo Amigdalóide.
E é aqui que muitas agências de publicidade falham de
começo: sobrecarregando com comerciais e propagandas o público-alvo até a
exaustão...ao invés de produzirem conteúdo
relevante. Um single bonitinho é interessante se escutado no máximo meia
dúzia de vezes – mais que isso contribui para que o ouvinte se irrite com a
fonte desse “barulho”.
O grande milagre com as empresas “Top of Mind” é que elas
não só atingiram o Sujeito Psíquico de seus consumidores-alvo, como conseguiram evitar ser rejeitadas
pelo Corpo Amigdalóide dos cidadãos expostos à sua mensagem. Mas elas o
fizeram sem saber como aconteceu: não conseguiriam reproduzir esse sucesso mais
que três vezes, pois chegaram lá quase que por acaso. Em termos de comunicação
aprenderam a manter o sucesso, mas não a forma de fazê-lo nascer do zero...com
garantias suficientes de que vá vingar.
E é aqui que o Branding atua: é possível fazer da empresa
uma lembrança maravilhosa para os consumidores: sem resistências ou rejeições.
E é aqui que as perguntas são solucionadas: o Fenômeno
Publicitário é a manifestação do Sujeito Ontológico -- e ele torna a influência
da Publicidade na vida das pessoas algo extremamente poderoso.
Portanto, trabalhar o Sujeito Ontológico durante as campanhas publicitárias só
tornará tudo mais produtivo e rentável, para a agência e para seus clientes. E
esse enfoque sobre o Sujeito Ontológico é o que traz à lume princípios
científicos nos quais se basear ao entrar em contato com a Mente dos
consumidores.
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